O perigo oculto em cosméticos faciais

Frascos com microbeads ao lado dos produtos que contém as pequenas esferas plásticas. Foto: 5gyres.com

Frascos com microbeads ao lado dos produtos que contém as pequenas esferas plásticas. Foto: 5gyres.com

Você sabia que um simples esfoliante facial contém um elemento nocivo à vida marinha?

Um esfoliante é, por definição, uma substância ou material que pode causar abrasãocorrosão ou descascamento de uma superfície na qual entre em contato. Os esfoliantes faciais são utilizados de forma cosmética para remover as impurezas da superfície da pele. Mas você já se perguntou qual o material utilizado para esse processo? Pois é, acreditem… são micropartículas plásticas e, portanto, não são biodegradáveis.

Para explicar melhor sobre o assunto para vocês, resolvi traduzir um artigo publicado originalmente em inglês no site Time.com, escrito por Katy Steinmetz: “States Are Cracking Down on Face Wash”.

Frascos com microbeads ao lado dos produtos que contém as pequenas esferas plásticas.  Foto: 5gyres.com
Frascos com microbeads ao lado dos produtos que contém as pequenas esferas plásticas.
Foto: 5gyres.com

 “Ambientalistas estão alarmando a sociedade com relação aos ‘microbeads’, as minúsculas partículas de plástico utilizadas em produtos de cuidado pessoal e que pesquisadores dizem ser muito pequenas para serem filtradas nos sistemas de tratamento de água, e estão indo parar em oceanos e lagos.Se você já limpou seu rosto com um produto que prometia esfoliar sua zona T, você deve ter aproveitado os efeitos da ultima preocupação entre os ambientalistas: os microbeads. 

Microbeads são minúsculas partículas redondas de plastic que são encontradas em produtos de cuidado pessoal feitos por grandes industrias como Johnson & Johnson e Proctor & Gamble. Elas são tão diminutas que cobrem os olhos de Abraham Lincoln em uma moeda de um cent. Mais importante, foi descoberto que elas são pequenas demais para serem filtradas em sistemas de tratamento de agua, então essas minúsculas partículas saem das pias e acabam nos rios e lagos. Apesar de seus efeitos ainda estarem sendo investigados, 5 estados americanos (California, New York, Illinois, Ohio e Minnesota) já estão considerando banir seu uso.

 ‘A questão fundamental é: esperaremos até que se prove que este material causa danos ambientais?’ alerta Chelsea Rochman (chelsearochman.com), ecóloga marinha da UCLA especializada em pesquisas com microplástico. De acordo com o conhecimento da indústria, os microbeads se tornaram populares há cerca de uma década, para substituir a pedra pome em processos de esfoliação.

Por ser um material relativamente novo, há poucas pesquisas sobre como os microbeads afetam o meio ambiente. Mesmo assim, Rochman afirma que existem muitas evidências dos malefícios que os microbeads podem causar, provenientes de pesquisas sobre outros materiais plásticos. De acordo com a pesquisadora, os pedaços plásticos agem como esponjas nos oceanos e lagos, concentrando toxinas como pesticidas e retardadores de chamas. Centenas de espécies, incluindo peixes e plâncton, ingerem partículas plásticas, o que significa que essas toxinas podem subir de nível na cadeia trófica.

Jay Ansell, toxicologista da associação que representa as empresas de produtos de cuidado pessoal, enfatiza que não há provas de que os pedaços plásticos encontrados pelos pesquisadores são provenientes de esfoliantes faciais. Mas essa falta de provas não impediu que muitas industrias representadas pelo conselho de produtos de cuidados pessoais deixassem de usar os microbeads. A Johnson & Johnson, que produz linhas como Clean & Clear e Neutrogena já anunciou que não esta mais utilizando os microbeads em nenhum dos novos produtos e esta reformulando todos os que o contem em sua formula, com planos de banir o uso completamente até 2017. Proctor & Gamble, que fabrica a linha Olay, fez pronunciações publicas similares.

Então porque toda a legislação se as empresas não estão voltando atrás? O diretor da organização 5 Gyres (5gyres.org), Stiv Wilson diz que as leis são necessárias para manter pequenas e grandes empresas na linha. ‘É realmente importante que esses projetos se tornem leis, para que as empresas cumpram suas promessas e não voltem atrás em suas decisões’.

 Apesar de as industrias ainda nao terem divulgado que material irão utilizar como substituto dos microbeads, existem sugestões de produtos naturais como cascas de nozes e damascos. Um grupo de defesa sob o lema ‘Beat the Micro Bead’ (combata o microbead) está tentando uma reforma similar na europa. Se você esta curioso para saber se um certo cosmético contem microbeads, há uma lista disponível neste link: http://beatthemicrobead.org/en/product-lists. Além dos sabonetes esfoliantes para o rosto, Rochman afirma que os microbeads também são usados em pasta de dentes, produtos de limpeza para vasos sanitários e outros produtos de limpeza.

 ‘Esse é um problema facilmente solucionável pois podemos ter os mesmos efeitos com outros materiais’, diz Wilson. Não importa o substituto que será utilizado pelas indústrias, a expectativa é que este seja biodegradável.

Artigo original disponível em: http://time.com/74956/states-are-cracking-down-on-face-wash

Para saber mais:
beatthemicrobead.org
chelsearochman.com
5gyres.org

Listas dos produtos:
beatthemicrobead.org/en/product-lists

Por: Renata Porcaro


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